Incorporadoras, setor financeiro e small caps (empresas menores e que movimentam menos volume na bolsa). Esses foram os três índices que mais perderam valor na Bolsa em setembro, mês em que o Ibovespa sofreu com turbulências externas e internas e encerrou em queda de 4,8%.
Os índices setoriais são organizados pela bolsa e, em geral, agrupam papéis de empresas de um mesmo setor da economia ou características similares.
Apenas dois deles encerraram este mês no azul: materiais básicos (que agrupa siderúrgicas, mineradoras e empresas de papel e celular) e o IFIX, que acompanha o desempenho dos fundos imobiliários.
Veja abaixo o comportamento dos índices que mais perderam no mês passado:
Setor imobiliário
O Imob, índice que mede o desempenho de incorporadoras, foi o mais afetado pelo cenário de incerteza em torno da política fiscal brasileira para os próximos anos, com queda de 8,01%.
A briga entre Ministério da Economia e o presidente Jair Bolsonaro em torno dos recursos para o programa social que substituirá o Bolsa Família provoca incertezas sobre o comportamento dos juros no futuro, o que é essencial para as empresas do setor.
“É um setor que vem tendo uma performance boa, mas sua sustentabilidade depende muito dos juros. Qualquer estresse na curva futura de juros tende a afetar essas empresas”, avalia Pedro Lang, responsável por renda variável da corretora Valor Investimentos.
Índice Financeiro
As dúvidas em torno do tamanho da inadimplência no pós-pandemia vem castigando os papéis dos bancos, que também sofrem com o cenário de juros baixos e um cenário de maior competição com bancos digitais e fintechs (startups do setor financeiro). Em setembro, a queda foi de 6,49%.
Para Rafael Costa Maciel, gestor de renda variável da AF Invest, a pandemia acelerou o processo de digitalização de serviços financeiros. “A pandemia tornou o crescimento dos serviços financeiros digitais exponencial. Há uma incerteza sobre o modelo de negócios dos bancos, se vão conseguir estancar a sangria de plataformas de investimento e fintechs de crédito”.
Lang lembra que as incertezas também atingem as provisões para devedores duvidosos dos bancos. “A principal dúvida é como os bancos conseguirão aumentar sua carteira de crédito sem uma explosão nas provisões para inadimplência”, avalia.
Small Caps
As empresas menores e que movimentam menor volume na Bolsa sempre acabam sendo prejudicadas em momentos de volatilidade, e registraram recuo de 5,44% em setembro.
“Quando dá uma balançada, o pessoal corre das ações menos líquidas para as mais líquidas”, afirma Lang. “Esse é um movimento esperado”.
Veja o comportamento dos índices que ganharam:
Materiais Básicos
Formado por papeis de siderúrgicas, mineradoras e empresas de papel e celulose, o índice de Materiais Básicos registrou alta de 0,52% no mês passado.
A forte recuperação da cotação do aço no mercado internacional, consequência da recuperação da economia em alguns países, impulsionou esse mercado.
Além disso, a alta na cotação do dólar em relação ao real, de 2,37% no acumulado do mês, também estimulou os papeis dessas empresas. “Essas empresas são exportadoras, e o dólar mais alto as favorece”, afirma Costa Maciel.
IFIX
Os fundos de investimento imobiliários tiveram uma queda histórica durante a pandemia de coronavírus. Em setembro, o índice IFIX, índice que serve de referência para o segmento, mostrou alguma recuperação, com alta de 0,46%.
A expectativa é de alguma retomada, ainda que gradual, desses investimentos com a reabertura de shoppings e escritórios.