A demora no início do processo de vacinação no Brasil e as incertezas fiscais decorrentes dessa lentidão fizeram a Bolsa fechar esta quinta-feira (21) em queda de 1,1%, a 118.328 pontos.
O real teve o pior desempenho global perante o dólar, que fechou em alta de 0,98%, a R$ 5,36.
O que aconteceu com a Bolsa? O Ibovespa fechou em queda pelo terceiro pregão seguido nesta quinta-feira, um dia após o BC desfazer o compromisso de não elevar a Selic, com a percepção de maiores riscos fiscais e políticos, além da situação difícil da pandemia de Covid-19 no país, abrindo espaço para realização de lucros.
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central manteve a Selic em 2% ao ano como esperado na véspera, mas retirou de seu comunicado o “forward guidance” (orientação futura) adotado em agosto.
Com o forward guidance, o Copom tinha se comprometido a não elevar os juros até que as expectativas e projeções de inflação se aproximassem das metas no horizonte considerado relevante para a política monetária (até 2022) e contanto que o governo mantivesse seu regime fiscal.
Em paralelo, a falta de um calendário de vacinação no país, com esperados atrasos na entrega de vacinas, segue adicionando incertezas na retomada da economia e abrindo espaço a especulações sobre a prorrogação do auxílio emergencial criado em meio à pandemia, o que preocupa do lado fiscal.
O que aconteceu com o dólar? A reviravolta no câmbio vista a partir do fim da manhã refletiu forte reação do mercado a declarações do candidato à presidência do Senado Federal Rodrigo Pacheco (DEM-MG). O senador, apoiado pelo presidente Jair Bolsonaro, disse que haverá discussão sobre nova ajuda a famílias na primeira semana do novo comando do Congresso e que será preciso sacrifício de premissas econômicas para manter o socorro às famílias.
Pacheco tentou, sem sucesso, acalmar os ânimos de investidores em entrevistas posteriores. À Reuters, ele afirmou que em primeiro lugar é preciso ter responsabilidade fiscal e obediência ao teto de gastos e que apenas em último caso se pode rompê-lo para ajudar pessoas na pandemia.
O agravamento da crise sanitária em meio à percepção de desorganização no governo tem tido efeitos sobre a popularidade do presidente Bolsonaro e, por sua vez, alimentado temores no mercado de criação de mais despesas –o que ameaçaria o teto de gastos, visto pelo mercado como âncora fiscal do país.
“Claramente há uma falta de orientação e clareza na mensagem. Gravíssimo para a ancoragem fiscal e até política. Não tem como não ter efeitos”, disse o profissional de um banco estrangeiro.
Maiores altas:
Petro Rio (+ 4,90%)
B2W (+ 2,62%)
Copel (+ 1,77%)
Maiores baixas:
Eletrobras (- 6,15%)
Eztec (- 5,64%)
Cyrela (- 5,35%)
(Com a Reuters)