O etanol costumava ser uma alternativa para quem queria economizar na hora de encher o tanque do carro. Mas o álcool subiu tanto nos últimos tempos que essa vantagem de preço praticamente desapareceu.
Na última semana, o preço médio do litro do derivado de cana subiu em 24 Estados e no Distrito Federal, atingindo R$ 3,378, uma alta de 5,4% na comparação com a primeira semana de janeiro.
Qual o preço do litro do álcool? O valor varia muito de acordo com o Estado do país. Em São Paulo, o preço médio é de R$ 3,168. Mas no vizinho Rio de Janeiro o valor sobe para R$ 4,141. No Rio Grande do Sul, há postos que chegam a cobrar R$ 5,399 pelo mesmo litro de etanol.
Como saber se vale a pena abastecer com álcool? Uma conta que o mercado costuma fazer é que o etanol só é vantajoso se custar, no máximo, 70% do valor da gasolina. É que o álcool costuma elevar o consumo do combustível em cerca de 30%, com variações para cima ou para baixo.
Em São Paulo, por exemplo, onde o preço médio da gasolina estava em R$ 4,556, ainda é vantajoso abastecer com etanol. No Rio de Janeiro, por sua vez, é mais negócio usar gasolina (preço médio de R$ 5,248) do que álcool.
Por que o etanol está subindo tanto? Por diversos fatores. Um deles, segundo André Braz, coordenador do IPC da FGV/Ibre, está diretamente relacionado com o aumento do preço da gasolina.
“O etanol é afetado indiretamente pela alta de preço da gasolina. Quando a gasolina sobe, as pessoas correm para o etanol. Essa corrida eleva a demanda pelo derivado de cana, fazendo o preço do etanol subir. É a velha lei de oferta e procura”, diz Braz. “O preço do etanol tende a subir quando a gasolina fica mais cara, mesmo que não haja nenhuma relação com a safra.”
Antonio de Pádua Rodrigues, diretor técnico da Única (União da Agroindústria Canavieira do Estado de São Paulo), também associa a alta do etanol ao aumento da gasolina. “Durante o período de safra e moagem, a oferta é muito maior que a demanda, então há a expectativa de que o etanol seja mais competitivo para consumidor. Quando estamos na entressafra, quem vai definir preço é o mercado. Se houver demanda forte e pouca oferta, a tendência é subir.”
Mas não é só isso. A desvalorização do real e o aumento do preço do açúcar no mercado internacional incentivam o setor sucroalcooleiro a produzir mais açúcar que etanol. “Você pode ter uma safra de cana maravilhosa, mas essa safra pode ser mais destinada à produção de açúcar para exportação. Aí, sobra menos para produção de etanol. Essas decisões podem influenciar no preço do combustível vegetal”, afirma Braz.
O que o consumidor deve fazer? Não sobra muita alternativa além de pesquisar preço e fazer as contas para ver qual combustível é mais vantajoso naquele momento. “Desde 2003, quando surgiram os veículos flex, o consumidor é dono dessa escolha. É ele que avalia qual produto deve utilizar, se é álcool ou se é gasolina. Ele sempre vai buscar o que é mais barato”, afirma Pádua Rodrigues.
Braz, da FGV, lembra que esse é um mercado muito sensível a preço. “Em algumas cidades, como o Rio, as pessoas que trabalham com carro, preferem usar GNV ao etanol. No Rio, por questões tributárias e de frete, o etanol não é competitivo. Já em São Paulo, pela proximidade com o setor produtivo, o etanol costuma ser mais barato.”