O ciclo de corte na taxa de juros pelo Banco Central chegou ao fim. Em ata sobre a reunião do último dia 5 de fevereiro, na qual foi decidido cortar a taxa Selic em 0,25 ponto percentual, para 4,25% ao ano, o Banco Central escreveu: “O Comitê de Política Monetária vê como adequada a interrupção do processo de flexibilização monetária”. O documento foi divulgado nesta terça-feira (11).

Roberto Campos Neto (à esquerda), presidente do Banco Central
Crédito: Andre Coelho/Bloomberg
O que isso quer dizer? Novos cortes nos juros não vão ser o estímulo necessário à economia. O texto cita que, embora o mercado de trabalho esteja se recuperando, a produção industrial segue com desempenho abaixo do esperado. E isso mesmo com juros menores estimulando o crédito para investimento nas fábricas.
A Selic, agora em 4,25% ao ano, reflete o cenário básico e o balanço de risco para a inflação, que, de acordo com estimativas divulgadas pelo boletim Focus, deve ficar abaixo da meta estipulada pelo BC. Os aumentos em tarifas e em energia devem ser mais contidos, impactando menos os preços.
A taxa de 4,25% ao ano “é compatível com a convergência da inflação para a meta no horizonte relevante para a condução da política monetária, que inclui o ano-calendário de 2020 e, com peso crescente, o de 2021”, escreve o BC. Ou seja, as decisões a partir de agora também já consideram os prováveis cenários da economia brasileira em 2021.
Na ata divulgada, o BC cita os riscos que vê para a economia:
- Deterioração de cenário externo para economias emergentes
- Eventual frustração em relação à continuidade das reformas e à perseverança nos ajustes necessários na economia brasileira
- O impacto potencialmente negativo do corte de juros no mercado de crédito e de capitais
Quais os efeitos do coronavírus na economia? Por enquanto, isso não preocupa o BC. Mas o olhar sobre o desenrolar da epidemia é cauteloso e atento.