Os brasileiros que recebem até R$ 500 por mês foram os que mais procuraram por crédito em fevereiro deste ano, segundo o Índice de Demanda do Consumidor por Crédito, do Serasa Experian, obtido com exclusividade ao 6 Minutos. Para esta faixa de renda, houve um aumento de 18,6% na busca por crédito.
Embora a população mais pobre seja a mais afetada, a demanda por crédito aumentou 13,7% em todo o Brasil. Em fevereiro do ano passado, antes da pandemia, a busca por crédito tinha caído 1,7%.
Por que isso aconteceu? O retorno das medidas de isolamento social, o agravamento do sistema de saúde brasileiro por causa da pandemia, o desemprego e o fim do auxílio emergencial nos primeiros meses do ano são alguns dos motivos. Todas essas situações causaram um impacto ainda mais forte para a população de baixa renda.
“É importante entender que, neste momento, o crescimento da demanda por crédito não está diretamente relacionado ao poder de compra, mas sim com a necessidade de quitar compromissos financeiros prioritários e a tentativa de recuperação do consumo, por consequência da perda de renda”, afirma o economista da Serasa Experian, Luiz Rabi.
Na tentativa de honrar o pagamento das dívidas, Rabi diz que muitos buscaram por fontes de crédito mais baratas para eliminar dívidas mais caras.
Em momentos de crise, quem tem uma boa reserva de emergência tende a passar por menos necessidade. “As pessoas de baixa renda, que não conseguiram montar uma reserva de emergência parruda, encontraram o empréstimo como única solução para sobreviver”, afirma Ahmed El Khatib, coordenador do Instituto de Finanças da Fecap (Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado).
Quais as regiões com maior demanda por crédito? Nordeste (25,7%) e Norte (16,2%) foram os líderes na demanda por crédito.
Qual o cenário daqui para a frente? “Há uma tendência de piora nos próximos meses, porque muitos estados estão adotando medidas de fechamento parcial das atividades econômicas. Haverá uma necessidade maior para consumo básico e a pessoa não tem muito o que fazer a não ser tomar um empréstimo”, afirma Khatib.
“O acesso ao crédito não é uma dor hoje. O problema é ajudar a população a tomar de decisão mais consciente na hora de tomar crédito”, afirma Roberto Ferraz, CO-CEO do Grupo H.
Veja o aumento da demanda por crédito por faixas de renda:
| Até R$ 500 | De R$ 500 a R$ 1.000 | De R$ 1.000 a R$ 2.000 | De R$ 2.000 a R$ 5.000 | De R$ 5.000 a R$ 10.000 | Mais de R$ 10.000 | |
|---|---|---|---|---|---|---|
| Fevereiro/20 | -3,8% | -0,5% | -2% | -1,6% | -2,1% | -1,9% |
| Janeiro/21 | 15,5% | 11,6% | 9,8% | 10,4% | 10,5% | 10,8% |
| Fevereiro/21 | 18,6% | 13,6% | 12,4% | 13,5% | 13,5% | 13,7% |
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