Na semana que vem, entre 10 e 11 de dezembro, no Grand Hyatt São Paulo, haverá um Fórum Empresarial organizado pelo grupo Lide, que tem entre seus fundadores o governador paulista João Doria. O evento será presencial e on-line. Anteriormente, haveria a presença de até 150 pessoas, reunidas em plena pandemia. Mas com o recuo no plano de flexibilização anunciado na segunda-feira, 30 de novembro, a plateia teve que ser reduzida para 80 pessoas.
Participarão do evento o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, os governadores de Minas Gerais, Romeu Zema, e Mato Grosso do Sul, Reinaldo Ajambuja, do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, do Maranhão, Flávio Dino, e de São Paulo, João Doria, além do senador Antonio Anastasia, do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, e do ministro do STF, Dias Toffoli.
A assessoria do evento informou que todos os participantes presenciais (a maior parte formada por representantes de empresas apoiadoras do Lide) e funcionários da organização serão testados para Covid-19 pelo método Lamp um dia antes do início do seminário.
Os testes RT-Lamp diagnosticam a presença do coronavírus (Sars-CoV-2) no corpo através da coleta de saliva humana. Mais barato e com eficácia similar ao do famoso exame de RT-PCR (aquele feito com o cotonete na garganta e no nariz), também usa a haste. Mas sua vantagem é que fica pronto em até três horas.
Desde o final de junho, quando a cidade entrou na fase amarela da flexibilização, eventos com pessoas sentadas, como seminários estão permitidos, desde que respeitem protocolos, como uso constante de máscara, aferição de temperatura de cada pessoa, distanciamento de pelo menos 1,5 metro.
Além disso, o lugar não pode encher. Na fase amarela, a lotação máxima é de 40%. Anteriormente, era de 60%.
Em 29 de julho, por exemplo o WTC São Paulo, um dos mais tradicionais centros de convenções de São Paulo, voltou à ativa. Mas não como antes. Era uma premiação para arquitetos e decoradores que estava marcada para o fim de março. Foram convidadas 200 pessoas. Mas 120 compareceram. A capacidade total do auditório é para 600 pessoas.
Todos usaram máscaras, mediram temperatura e permaneceram numa sala de 450 m², com distanciamento social de mais de dois metros. Muitas levaram de casa o próprio frasco de álcool em gel.
Testar todo mundo antes do evento é a melhor maneira para diminuir os riscos, afirma o infectologista Pedro Mendes Lages, do Hospital Samaritano e da Beneficência Portuguesa de São Paulo. Mas não é garantia de segurança total.
“O teste Lamp ainda não é tão confiável como o PCR. Além disso, tudo depende de quando o exame é feito. Se a pessoa foi contaminada um, dois, três ou até quatro dias antes do teste, existe chance de ela ainda não estar na fase de transmissão, por ainda não ter o vírus na região nasal e laringe”, explica ele. Então, o resultado pode ser um falso negativo. E se o evento for nos dias seguintes, a transmissão acontece.
Além disso, não é um momento bom para reunir pessoas, diz o infectologista Enio Zyman, de São Paulo. A contaminação na cidade vem crescendo há quase um mês. Passou de 259 casos novos por dia, em 9 de novembro, para 1.332 em 1º de dezembro, segundo dados compilados pela Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados Estatísticos (Seade).
Como a maior transmissão acontece pela respiração, permanecer em um lugar sem ventilação natural, com ar-condicionado, pode ser um problema. “Há dúvidas, ainda sobre o poder de espalhamento de um sistema de ar-condicionado, como o de um centro de convenções de hotel, se, por exemplo, alguém tossir. Muitos pesquisadores afirmam que sim, outros que é relativo. Mas na dúvida, a melhor opção é evitar. E sempre usar máscara. Máscara é uma questão de sobrevivência agora”, afirma o especialista.
Por isso, o prejuízo das empresas que dependem de eventos é imenso. A Associação de Marketing Promocional (Ampro) diz que toda a cadeia de eventos amargou perdas de R$ 50 bilhões por mês na quarentena. E a maioria das empresas da área demitiu mais de 50% dos empregados.
Quando o governo estadual permitiu que eventos presenciais fossem novamente realizados, as 260 empresas associadas à Ampro tiveram um pequeno alívio. As novas regras impostas pelas autoridades (com protocolos de distanciamento e higiene e limitação de 40% do público anterior) diminuem a rentabilidade, mas não aumentam os custos do setor.
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